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8.7.10
Os talentos do cérebro maduro
Os talentos do cérebro maduro
Sabe aquele lapso de memória e os problemas de desatenção que, dizem, vêm com a idade? Esqueça-os! Saiba que, a partir da meia-idade, a massa cinzenta passa a raciocinar melhor e está muito mais bem preparada para tomar decisões do que aos 20 anos
O jogador de futebol experiente não tem a mesma vitalidade do início de sua carreira. Depois de certa idade, ele perde velocidade e explosão. Em compensação, coloca-se melhor em campo e toca a bola com mais sabedoria. Afinal, já conhece os atalhos do gramado e faz a pelota rolar em vez de correr atrás dela. Também consegue antever as jogadas e, por isso, está sempre no lugar certo e na hora certa para fazer um gol ou receber um passe. É como se as informações acumuladas pelo boleiro ao longo dos anos suprissem a falta daquela mobilidade do rapaz de 20. Com o nosso cérebro acontece algo parecido. A partir da quarta ou quinta década de vida, a memória às vezes falha e a velocidade de processamento das informações tende a cair. Porém, nada disso impede que esse piloto do corpo humano fique ainda mais eficiente do que já era, conforme revela no livro The Secret Life of the Grown-up Brain: The Surprising Talents of the Middle-Aged Mind (A Vida Secreta do Cérebro Adulto: Os Talentos Surpreendentes da Mente na Meia-Idade), de Barbara Strauch, editora de saúde do jornal americano The New York Times. Ainda sem previsão de lançamento no Brasil, a obra analisa uma série de pesquisas que desvendam o cérebro maduro, na faixa entre 40 e 70 anos, e conclui que uma cabeça que pode ser até grisalha num corpo saudável reconhece com maior profundidade ideias centrais, compreende significados que não entenderia se fosse jovem e encontra soluções num zás-trás. Ou seja, a despeito de distrações e afins, a massa cinzenta na meia-idade raciocina melhor e é mais criativa. “O cérebro é praticamente o mesmo, com transformações quase imperceptíveis”, opina o neurocientista Martín Cammarota, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. “O que muda é a mente, que é produto da vivência. Por isso acredito que o cérebro humano, ao envelhecer, compensa sua maior lentidão com a experiência adquirida.” Para o biólogo e neurocientista brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, o segredo do talento do cérebro maduro está no bom senso. Muotri acredita que, quanto mais experiente for ele, maiores as chances de seu dono tomar decisões acertadas. “Mas é curioso notar que maturidade tem mais a ver com vivência do que com o tempo”, diz o pesquisador. “Um jovem que viajou o mundo e se expôs a choques culturais, ou que aprendeu cedo a lidar com suas angústias, pode ter um cérebro considerado maduro e, portanto, com melhor capacidade cognitiva e decisiva.” Ele continua: “O tempo, fisiologicamente falando, tem uma contribuição relativamente menor, já que o processo de envelhecimento reduz o número de neurotransmissores e torna circuitos neuronais mais lentos, causando aquela demora para nos lembrarmos, por exemplo, do nome de um filme”. Muita gente, no entanto, ainda associa velhice a declínio de cognição. Segundo o neurologista Ricardo Teixeira, diretor do Instituto do Cérebro de Brasília, o envelhecimento provoca perdas irrisórias ao cérebro, tremendamente discretas se comparadas à riqueza de conexões neuronais que um indivíduo forma no decorrer da vida. “Até 60 ou mesmo 70 anos, os problemas de memória, atenção, fluência verbal ou execução de pequenas tarefas estão relacionados a excesso de estresse, desequilíbrio emocional, sono desregrado, alimentação desbalanceada e, principalmente, sedentarismo”, alerta. Nada a ver com a idade, tudo a ver com o estilo de vida. A ciência também tem mostrado que a saúde do organismo como um todo se reflete no cérebro. Ou seja, o bem-estar do corpo favorece as funções mentais. Nesse sentido, o exercício físico tem mesmo um papel fundamental. Mas não qualquer exercício, e sim aquele que é feito voluntariamente. “O prazer é fundamental para quem busca saúde da mente”, reforça a educadora física Andréa Camaz Deslandes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Aliás, divertir-se é a melhor receita para manter a massa cinzenta ativa e saudável. Afinal, produz mais neurônios, mesmo após os 40, quem valoriza o lazer, o convívio social, as atividades desafiadoras, enfim, a qualidade de vida. “O cérebro é plástico e continua sempre mudando, o que lhe garante uma crescente complexidade de conexões e uma compreensão cada vez mais profunda das coisas”.
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